quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Para quem não se resume a si, retrospectiva 2010.

Sobre 2010


  • Não foi 10, mas tá na média da Efoa, que, embora bem maior e universalizada, nem existe mais. (A média abaixou... ou parece...).


  • Sobre as pessoas: as pessoas foram e continuam sendo só pessoas. Nomes se repetem, o que conta é o CPF (e o nome do filho da mãe - “e” - )


  • Sobre psicologia: a loucura é recidivante ao longo de todos os tempos (e do DNA) - e falta menos de dois anos para o fim dos tempos.


  • Sobre audiovisual: foi o ano dos piores lançamentos com a temática de fim dos tempos. Exceto o Tropa de Elite 2, que vergonhosa e pleonasticamente não marcou início de novos tempos.


  • Sobre espiritualidade: ela é a linha tênue entre real e imaginário, onde moram seres tão magros de matéria e cheios de energia que nem ocupam espaço. Quanto a Deus, Ele existe mesmo e é “persona”, mas nossa caminhada rumo ao Qual não termina com a morte.


  • Dica revolucionária de economia: o dinheiro precisa vir para depois ir. O contrário, virtualmente conceituado como PODER DE COMPRA, é irreal e escraviza.


  • Sobre lições de vida e autoajuda: para não se ferrar na vida é necessário ser carismático (o que significa saber dizer o que o sujeito precisa ouvir da forma que ele gostaria de escutar caso escutasse bosta alguma – isso funciona na vida financeira, mas ferra a pessoal). Logo, uma pessoa que precisa de ajuda não pode se autoajudar. Livros de autoajuda desperdiçam tempo e dinheiro. Quem trabalha (cumpre a obrigação) não tem tempo de conseguir ajuda, esgota ou morre antes disso.


  • Não foi um tempo de ficar realizando sonhos, as contas aumentaram muito.


  • Toda ação tem uma reação. Enquanto acharem que o pensamento puro já é a ação, e que se deve ter tão somente a “força do pensamento”, é bem provável morrer de fome ou ficar louco.


  • O tráfico de drogas deveria acabar. Sugestão 1: acabar com traficantes e usuários. Sugestão 2: tributar essas porcarias, selecionar a qualidade e aumentar as vagas públicas de Assistência Social a serem ocupadas por pessoas supostamente convertidas espiritual e filosoficamente. (Boa)


  • Minha vó faz muita falta mas, se for da forma que entendo, ela está bem. Vamos nos reencontrar.


  • Entra ano, sai ano, Jesus muda de face e desaparece lentamente da vida das pessoas... mas papai Noel continua gordo e vistoso.


Mesmo de lugar comum, desejo a todos um Feliz Natal e Próspero ano “novo”. Que todos transladem e sobrevivam ao colesterol e ao trânsito para pagarem IPVA, IPTU, ISS, plano de saúde... www.racionalismoespiritual.blogspot.com

E nosso amigo anônimo nada insosso acrescenta...

"Nuvens negras são também união de cores ao carregarem em si todo o conjunto que as colori, e não necessariamente devam ser entendidas como negativas, ou positivas, embora transmitam talvez mais em descargas elétricas que outras em brancura diária, seja no céu ou na prática clínica... "

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Novos temores

Mas embora as nuvens tenham acabado de deixar o aroma molhado de terra (de uma sensualidade indescritível ao alcande do bem estar de nossa percepção), continuam havendo aqueles que só ficam procurando outras tempestades... Ou simplesmente que se encantam por nuvens negras.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Aplicação Real

E de que adianta razão e espiritualidade se não houver uma mudança? Deixo de lado todos conceitos prontos e pela primeira vez publico um texto não meu aos amigos, filósofos, espíritas, católicos, protestantes, malucos e todos tipos de "EX" (que acompanham nossos devaneios neste blog) o relato do Sr. José Maria de Oliveira, nosso amigo, acerca de sua mudança de vida. É o que eu gostaria de promover a todos através de nossos textos.

"Boa tarde, Cibele.

O quadro de saúde em dezembro de 2008 estava bastante grave. Com base nos resultados dos exames realizados em 12/12/2008 a situação era a seguinte:

- A pressão arterial estava sendo mantida sob controle com o uso de medicamentos e várias restrições alimentares;

- Os principais índices medidos nos exames, tais como Colesterol Total, HDL, VLDL e LDL e Triglicérides estavam todos fora dos parâmetros recomendados. Os ruins estavam no alto e os bons, abaixo. No exame de US Abdômem Total, uma “leve” esteatose hepática para completar o quadro crítico e intensificar os alertas de perigo.

- As dificuldades diárias eram justamente o incômodo da barriga, que causava as dores nas pernas, pescoço, braços e costas. Tinha dificuldades para dormir.

- Percebi que tinha que mudar ao me ver sozinho, no dia de réveillon, na praia de Ubatuba em 31/12/2008. Desconfiei de que o mal humor, associado ao meu “tipo físico” afastavam as pessoas de mim.

Decidi, então, já naquele momento, pegar a primeira latinha do dia e jogar ao mar. (Mantenho a decisão de não beber até hoje, completando os 673 dias de abstinência alcoólica total).

O entusiasmo e força de vontade partiu de dentro, numa vontade muito grande de superar tudo de ruim que estava fazendo e fazia acontecer para mim. Lembrei-me da palestra da Leila Navarro, dias antes, onde ficou bem claro, que uma mudança somente é possível se ela começar dentro de mim. “NADA MUDA SE EU NÃO MUDAR E A MUDANÇA DEVE COMEÇAR EM MIM” Repetia isto milhões de vezes para mim. Então, elaborei um plano de melhoria de vida, de curto, médio e longo prazo... Curto prazo: parar de beber e reconquistar minha esposa, meus filhos; Médio prazo: emagrecer e praticar alguma atividade física intensamente; Longo prazo: Voltar a estudar, crescer, viver melhor... precisava de uma base mais competitiva! (...) Tendo superado a bebida e melhorado o ambiente familiar, comecei a andar de bicicleta em março de 2009 já que agora poderia ter uma bike que não quebraria tão facilmente. Comecei com treinos diários de 9, 15 e 20km. Em algumas semanas já estava na casa dos 30km diários. Fiz as primeiras viagens longas de 120km e 150km. Descobri que era incrível pedalar, conhecer novos lugares, trocar os amigos e o ambiente dos bares com aroma de cigarro por trilhas e cachoeiras com muita água e ar puros para respirar. A cada pedalada longa, uma nova vontade de ir para a próxima. Conheci as cachoeiras de Furnas, de São Tomé das Letras, as da Estrada Real entre Guaratinguetá e Paratí, as da Serra do Mar entre São Paulo e Guarujá, passando pela Rota de Emergência, sob os viadutos e túneis da Imigrantes; Atravessei São Paulo, desde a Fernão Dias até a Imigrantes, num dia de sábado, no horário de pico entre 11:30 e 13:00 horas, uma aventura de grande risco, permitida somente para alguns. Aparecida do Norte? Três vezes. Varginha-Alfenas? Já perdi a conta. Alfenas-Campos Gerais-Varginha? Inúmeras vezes, só para fazer a descida de 5km da fazenda Pedra Negra (72 a 79 km p/hora numa bike é muita adrenalina, imagina?) Agora eu já nem sei mais qual delas é a melhor, se a de Passa Quatro para Cruzeiro, se é a da Serra de Ubatuba ou a de Boissucanga na Rio-Santos, se é a de Alpinópolis, ou a de Poços de Caldas para Águas da Pratas, ou se é a de Poços de Caldas até o Trevo de Botelhos, hum... mas acho que a de Campos do Jordão até o Túnel de Santo Antonio do Pinhal está entre as melhores. Há Cibele, me desculpe, mas empolguei muito em falar da bike e estou esquecendo do restante que tenho de responder. Então vou retomar, tá? Depois você poderá ver as fotos... Então, mais uma necessidade pairou sobre minha mente. Precisava parar de tomar o remédio controlador da pressão. Procurei a médica cardiologista e falei que tinha um problema sexual -sério mesmo – ela aceitou o desafio, pediu alguns exames, retornei algumas vezes, repeti os exames e o medicamento foi suspenso. Hoje a pressão está na casa dos 12 ou 13, permanecendo assim mesmo depois de uma longa pedalada e a função sexual está ótima.

Paralelo a tudo isto ocorreu um outro evento que estava na lista de atividades do plano de longo prazo: Tendo sido vitorioso no vestibular da UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS – MG em Junho/2009, para o curso de CIENCIA E ECONOMIA do Departamento de Ciências Sociais – Campus Varginha, voltei a estudar. No momento, a identificação de UNIVERSITÁRIO, me agrada muito. Tem também suas vantagens... antes eu pagava duas inteiras, agora só pago meia.

É milagroso e recompensador os elogios e o reconhecimento das outras pessoas, dos familiares. É incrível a satisfação de chegar em um lugar e as pessoas perguntarem se sou eu sou eu mesmo, entende? Então, isto gera uma recompensa que dá um gás para continuar, que não tem tamanho.

O relacionamento familiar agora é outro. Se demoro para chegar em casa, estou na Universidade ou pedalando. Se no início eu estava sozinho em Ubatuba, semana passada foi ela quem bancou os convites do CARNALFENAS para irmos juntos. Foram 4 noites de intensa alegria por estarmos juntos e felizes.

Têm muita gente andando de bicicleta depois que conversou comigo ou com minha esposa no consultório da Nutricionista.

Como recomendação, repito: “NADA MUDA SE EU NÃO MUDAR E A MUDANÇA DEVE COMEÇAR EM MIM”.

Então, Cibele, tai um breve relato da história para iniciarmos a discussão, ok?

Um grande abraço.

Obs.: Fui respondendo na sequência das perguntas formuladas por você, no intervalo entre as tarefas normais do trabalho. Desculpe alguma falha, mas não vou fazer mais correções para não tirar a originalidade do texto escrito de forma bem natural, tranquila, sem formalidades. Ok?

De: CIBELE CRISTIANE S A NEVES
Enviada em: quarta-feira, 3 de novembro de 2010 10:47
Para: Jose Maria de Oliveira
Assunto: Matéria Energia da Gente


Oi José Maria, bom dia!

Bom, como conversamos vou colocar algumas perguntas pra entender um pouco mais sobre como foi a sua história de melhoria em sua qualidade de vida e a transformação que ocorreu. Se quiser, como disse, acrescentar algo mais, fique à vontade.

- Como era o seu quadro de saúde (pressão, peso, glicose e outros índices)?

- Quais as dificuldades que enfrentava no dia a dia?

- Quando percebeu que tinha que mudar? Aconteceu algum fato de destaque?

- o que você decidiu fazer?

- De onde partiu o entusiasmo e força de vontade?

- Começou a fazer atividade sozinho?

- Quais os resultados que você obteve (em termos de peso, melhoria em qualidade de vida, fôlego e etc)?

- E agora, como se sente? Tanto pessoal quanto profissionalmente?

- Como era e, depois da mudança de vida, como ficou o relacionamento com a sua família?

- Já conseguiu levar mais adeptos com você, “para o lado da qualidade de vida”?

- Qual a mensagem você gostaria de passar aos demais empregados?

Obrigada,

Cibele Andrade Neves

Comunicadora Social

Gerência de Comunicação Institucional - CE/CN - Cemig"

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Potencialidades

Às vezes fico pensando (então) nas potencialidades de uma potência (pleonástica) de vários cavalos condensados num motor de algo menor e menos pensante que o próprio cavalo ou da mente do indivíduo que cavalga.

Dessa forma haver graça de proteção tão somente em andar a pé. É menos grave e mais conservador que qualquer das duas condições em que se apresenta o pulso de realização da vontade de andar mais veloz que se pode por si.

Em quantos cavalos montamos?

Em quantas motos deslizamos? Seja como o motorista que só escuta o zunido ou como o piloto que provoca tais reações…

“E aí? Compensa? Cadê eu? Cadê nóis?”

A cerca

Considerações iniciais

É tanta gente que não entende o que penso e digo que até sôo altruísta quando tento simplificar tudo em “poesias blogmáticas”. Mas a poesia, além de pouco lida, está ultrapassada.

Se hoje temos blogs, tento ser suficiente claro para expôr o que de fato todos deveriam em algum momento difícil da vida interiorizar; mesmo sem a totalidade e integralidade do empirismo das leituras mais ou menos lidas ou dos conhecimentos concebidos que tive por mim mesmo ou por aulas assistidas.

(Porque…)

Assim, quem sabe um dia, cada um, entendendo a beleza única de ser humano enquanto o é, venha a gostar de poesia, e por isso recorrer aos verdadeiros poetas rumo ao encontro das belas dores comuns divagadas pelas semânticas das linguagens recorrentes em cada tempo dentro ou fora das suas respectivas correntes literárias.

E mais:

Talvez eu seja mentiroso. Mas se a mentira distorce a verdade, há então verdade na mentira. Ao que lê, cabe discernir… Sempre… Sem dar aceitação imediata às coisas sem maiores considerações… Pelo menos enquanto suas verdades circundantes estejam “circuncisadas” ou não pela veracidade vociferoz do acaso ou da factualidade pura.

E…

Filosofando estética, não podem faltar raciocínios sobre (pois) as bases de percepção da “energia das formas” . - Estamos falando de morfologia… (Que é o estudo da formas…) Certo? -

Pula uma parte chata da história e…

Pensando que os líquidos assumem a forma dos recipientes ou da geografia dos espaços que os contêm, conclui-se de fato que, em nossos corpos, tudo menos o quase tudo é água. (Libertos de números estatisticamente exatos sobre o quanto de água contemos…)

{[Mas seria a água “vívida” dos nossos eternos corpos por morrer aquela mesma água que encontramos inerte nos corpos não vivos?]}

Mas, porém, contudo… Entreteanto e…

Todavia sempre há expressão. Expressão provém do humor. Humor é o padrão vibratório do somatório dos componentes líquidos em suas formas nos corpos que os contêm. (Morfologia, pois!!!)

  • {Obs.: Hologramas são as “energias condensadas” das formas que assumem; ou de fato eles tão somente caracterizam a energia (padrão vibratório) das formas contidas na expressão assumida perante “sensorialidades” daqueles que os percebem.}

Tristeza ou alegria, essencialmente, estão implícitas e/ou explícitas em nossa estética.

Pensando menos na dinâmica da musculatura facial que ambienta o que se expressa e mais na idéia substancial da energia contida em nossos humores; PERGUNTO: como realmente flui e a que de fato se deve atribuir o que se sente?

Prosseguindo

Falar de alegria é igual falar do que se presume acerca do “sentido da vida”. Isso é difícil. Tão difícil que pecamos usando o nome de Deus e consequentemente da “substância” do pensamento sublime em vão.

Mas falar sobre tristeza é fácil demais, porque entendemos intuitivamente que ela é o caminho único, comum e verdadeiro da felicidade em sua plenitude definitiva e/ou circuntancial, que simbolicamente transita rumo ao bem-estar eterno. (Posto que há eternidade em qualquer coisa que seja.)

Por nos julgarmos importantes além da conta justa do nosso valor real, agimos egoístas através do percepitível sofrimento voluntário, que por sua vez carrega o fardo moral do sentido que enfim supostamente trará a merecida felicidade premeditada.

Considerando os princípios morfológicos que se impõem conforme a função exercida, posso afirmar que, filosoficamente, isto é, no campo das idéias puras, o sofrimento tem como finalidade comum a felicidade, o que se expressa claramente em nossos corpos.

O mutilado resistente a quase todos antibióticos aguarda a ciência produzir seu membro faltante. (DNA, engenharia genética, clonagem…)

O deprimido se reconforta temporariamente com compridos que simulam efeitos potencias da felicidade encontrada e assumida por si e em si atavés do pressuposto “além de”. (Sertralina, quetiapina, lítio, midazolan, clonazepan…)

O casado inspira por uma liberdade que antes não se manifestava sensível enquanto detentor da mesma quando fora solteiro.

O solteiro trapaceia a liberdade na suposta segurança oferecida pelo concebido e conveniente laço eterno.

O internado hospitalar cônscio aspira pelo momento de inspirar o ar límpido e poluído que há do lado externo ao seu leito hospitalar.

O com câncer espera apenas em Deus a salvação e presenteia a humanidade dos que sofrem por causa sua com a cura temporária. (Na prática o importante é não estar devendo nada e ter um bom plano assistencial.)

Mentiras, dores e nada além de compensações atenuantes. Essas são as verdades filosóficas das coisas que se esvaem como se tivessem necessariamente que voltar e possuíssem valor maior que sua cotação “espiritual” no dia em que acabaram.

Discutindo

Como estou sujeito a vários tipos de “leitura”, prossigo num senso subjetivo porém óbvio de responsabilidade objetiva sobre o que digo, enquanto infelizmente tudo dito encontra abrigo psicológico na alegria residente em atos e/ou pensamentos de crueldade.

O verdadeiro Deus se percebe tão somente pelo verbo não dito que silencia em oníssono sublime dentro de nossos corações, e age conforme a lei do arbítrio definida por Ele próprio na ordem natural das coisas.

Mas esse mesmo Deus comum a todos foi condenado pelo silêncio a que se sentenciou perante nossa (des)humanidade, e os líderes humanos usaram (usam) o nome de Deus para sensorializar artificialmente o que deveria decorrer do pensamento puro em nosso campo de raciocínio. (Mas de que adianta defender um Deus que não fala nada, e nos deixa à deriva da solidão espiritual?)

Talvez um dia tenhamos sido o protótipo da sua imagem e semelhança… Mas e hoje? Será que o suposto deus cruel que rejubila com nossa dor existe mesmo? Ou será que precisamos matar esse deus trágico e trazer como “pioneiros cósmicos” a alegria da paz interior e por tabela da paz entre os homens?

Embora para mim esteja claro que há algo bem além de mim, pretendo vigiar para não cair no pecado do uso de Seu santo nome em vão… Porque, afinal de contas, quem conta a morte a conta claramente na liberdade de convicção e expressão [sem apego a referências científicas].

Analisando o pouquíssimo que sei do passado memorável (logo, histórico), e pressupondo o futuro como consequencia das ações atuais, digo que a idéia do “sofrimento voluntário” é algo absolutamente introduzido e protegido pelo sistema que estava antes de nós e permanecerá depois.

Mas e se eu brincasse de ser eu mesmo? E se eu concluísse pela minha teologia simplificada que preciso de mais tempo, e de novas vidas, até encontrar a verdade que me aproxima da função morfológica definida pelo criador quando da minha criação?

Será que a semente que planto a cada instante define o mundo que eu gostaria de habitar caso voltasse?

Mas jogando fora essa concepção espírita como se nada justificasse por mim mesmo, tal pensamento não seria válido e justo na dignificação existencial de nossos descendentes e na manutenção do equilibrio ecológico do planeta? (Pensar o tipo de gente que habitará a Terra é percepção ecológica…)

Mas não sou ambientalista de última hora e nem pregador do apocalípse. Sou um mortal vivo que vive hoje. Amanhã espero que também eu viva porque acho que não é minha hora, mas vai que…

Então deixo essa questão em aberto e como alerta aos “histéricos” enganados (ou certos) sobre a verdade divina.

Eu admito que me preocupo se tenho ainda alguém que reza por mim. E quando me preocupo comigo, parece que sou tomado pela culpa do amor próprio e da “autocompaixão”. É como se eu não pudesse me perdoar, e o amor próprio fosse algo desprezível e indigno não cabível numa alma forte como se fosse a minha.

Mas sou o contrário exato do que escrevo. Sinto que sou a miséria que sustenta o equívoco e o bobo que só simula a vida na verdade sóbria. Nada mais.

Mas isso é sofrimento voluntário de alguém que tenta não mais estar sentenciado ao sistema.

Errar seria esperar Deus se pronunciar na revelação de minha verdade individual.

Sou obreiro do meu caminho e senhor de minha vontade e sua respectiva representação.

Deixo Deus fora disso, porque no fundo creio que tal pensamento me salva…

Logo, testemunho: chega de loucura, chega de martírio. Já que ainda não morri, eu quero é viver.

Certo??? Claro???

Pauta número tal da ata tal desta madrugada aberta…

Té.





Saca?

Pensar em prosseguir é difícil tanto quanto o sufiente a desistir de pensar em qualquer coisa.

Mas tão somente (devido então) aos que encontram abrigo naquilo que minha (nossa) experiência preconiza e conserva: continuemos! (Pois…)

Exemplo do que deu certo e/ou não no mecanismo da moral minha que esteve presente em teu tempo (claramente pela contemporaneidade). E…

Diante da liberdade de convicções… Fazer o quê? Andar tranquilo e quieto enquanto se nos destruímos… ; ou falar por aviso prévio àqueles que estão ou não quase na hora de escutar?

Talvez reste simplesmente “dizer o dizer porque se deve” aos que entendem; e simultaneamente por causa e consequencia aos que também por agora não (não entendem!).

Mas por quê??? Porque todos vão lembrar!

(…) Saca?


terça-feira, 26 de outubro de 2010

Interestadual

Conto de Mineiro


Acho que quem nasce em Minas Gerais já nasce minerador. Ele vai cavucando as rochas e encontrando seus tesouros ao longo das “encruzilhadas da vida torta”.

O mineiro quando criança é preparado pra receber bem os parentes paulistas “cheios da grana”, e crescer com a simpatia dos mesmos porque, quem sabe um dia, poderá mudar pra São Paulo e ajuntar algumas coisinhas boas da vida que o dinheirinho pode comprar. Até a cama da gente a gente tem que emprestar pra esse povo.. e eles que crescem nos “apartaméintos” ainda pedem lençol antialérgico.

Aí o mineiro cresce, estuda e, se conseguir formar, em minas “não tem” onde trabalhar. Aí acaba mudando pra São Paulo. Aí a gente pensa o que veio fazer nesse lugar. Aí os parente somem. Aí nós não somos mais visitas...

Paulista é engraçado. Debocha da gente falar “uai” e ser da roça, mas adora se sentir o cowboy. Compra uma pickupinha fudida, bota um sertanejão nas alturas, vai pra “chácara” no fim de semana e se sente “o” fazendeiro.

Adora passar ali do trevo de Extrema e dizer que foi pra “mílnas” nos tal de hotel fazenda.

Aqui a gente sai fim de semana e vai pros tal de shopping, onde mal dá pra tomar um chopinho e comer uma costelinha, porque eles enfiam a faca nos tal de outback.

A moças paulistas vivem num mundo de seriado americano que passa no sbt, “e nóis tem que bancá!”. Aí acaba que casa e descasa e a maledeta leva quase tudo que você tem.

Aí o mineiro revolta e compra um pedacinho de terra e volta pra Minas, pra ser político... Comerciante... e dizer que as coisas que vende são boas porque vêm de São Paulo.

Mas uma coisa é certa. Nem todo mineiro gosta de sertanejo.


Pelamordedeus!!!!!


Idéia concretista

É essa a semente que se modifica e encontra fertilidade em qualquer solo onde se plante:

(A idéia de loucura)

E as segue a loucura aplainando a emergência de idéias novas:

(Idéias novas)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Suicida

Esses dias pra trás um rapaz suicidou acidentalmente - porque suponho que ele não queria de fato suicidar -.

Tenho minhas dúvidas sobre se sua agonia lhe dava direito à salvação, mas não cabe julgar o depois, e sim arguir o que se foi até quando terminou aqui.

Entendo que um suicida seja um egoísta que porque trapaceia o próprio destino ao sacrificar o que julga ter de mais importante.

O mistério que o aguarda aparece descrito de forma bem hostil por aqueles que supostamente se comunicam com o além.

Sendo assim, rezemos por ele, da forma como cada pessoa entenda que rezar funciona, porque, afinal de contas, quem não suicida pelo menos um pouquinho todo dia?

Mas... Será?

Histeria? Bipolaridade?

Tinha um rapaz lá pelas bandas de lugar algum que uns diziam doido e outros mais atrevidos à bondade diziam doente.

Esse rapaz jurava de pés juntos que toda a realidade é uma história ensaiada antes de nascermos, sempre havendo narradores oniscientes rasurando e reescrevendo nossa vida.

A grande dialética que deixou o rapaz meio transtornado era a questão de Deus.


Ele se perguntava sobre se tão somente o existir já não fosse condição suficiente de prova, posto que não há coisa precedida sem pensamento.


Por outro lado, assentia a possível sensorialidade divina intrínseca ao processo cognitivo de nosso pensamento e consequentemente no resultado de ações agradáveis ou não aos olhos de Deus.

Deus personificado ou Deus integralizado ao todo? Ou “ou” e “ou”? Luz... Trevas? Algo a mais ou a menos que aqui?


Não havia nem remédio, nem igreja e nem filosofia para a histeria do rapaz... Que parecia doido de tanto medo que sentia ao ver o filme da vida passando de verdade.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Questões mal resolvidas

  1. Depois do pecado original, será que Eva engravidou de Adão? Mas quem foram os filhos de Adão e Eva? Não seria a nossa origem incestuosa, posto que até mesmo Adão e Eva eram consanguíneos?
  2. Segundo a teoria Kardecista, devo entender que terei tantas encarnações quanto o número de formigas que matei, até o dia em que eu vier a habitar um mundo onde serei um pequenino esmagado pelo poder e peso dos gigantes?
  3. Considerando o aparecimento de entidades de outros mundos, não seria 2012 uma preparação para o fim que será administrado pelo próprio homem com as tecnologias herdadas ou usurpadas daqueles seres?
  4. Quais serão os escolhidos?
  5. Sendo liberdade o permitido pela lei, a lei interessa a quem?
  6. Convencidos de que o Estado sustenta um conceito abstrato de liberdade e protege a nação, o que fazer diante de uma urna nas eleições?
  7. Se o direito reside na força, não seria a verdadeira força a capacidade de suportar a dor?
  8. Se o que não mata fortalece, estaríamos nós dando continuidade à seleção natural, onde o meio cria condições favoráveis à perpetuação dos melhor adaptados?
"Para tornar possíveis tais desejos, é
    preciso perturbar constantemente, em todos os países, as relações entre o povo e o governo, a
      fim de cansar todos pela desunião, pela inimizade, pelo ódio, e mesmo pelo martírio, pela
        fome, pela inoculação de doenças, pela miséria, a fim de que os gentios não vejam outra
          salvação senão recorrer à nossa plena e definitiva soberania."

          "Quando chegar o tempo de governarmos abertamente e de mostrarmos
          os benefícios de nosso governo, refaremos todas as legislações: nossas leis serão breves, claras,
          inabaláveis, sem comentários, tanto que todos as poderão conhecer bem. O traço
          predominante dessas leis será a obediência às autoridades levada a um grau grandioso. Então,
          todos os abusos desaparecerão em virtude da responsabilidade de todos até o último perante a
          autoridade superior do representante do poder. Os abusos de poder dos funcionários
          inferiores serão punidos tão severamente que cada um deles perderá a vontade de tentar a
          experiência. Seguiremos com um olhar inflexível cada ato da administração de que depende a
          marcha da máquina governamental, porque a licença na administração produz a licença
          universal: todo caso de ilegalidade ou abuso será punido de maneira exemplar. O roubo, a
          cumplicidade solidária entre funcionários administrativos desaparecerão após os primeiros
          exemplos dum castigo rigoroso. A auréola de nosso pode exige punições eficazes, isto é, cruéis,
          à menor infração das leis, porque qualquer infração atinge o prestígio superior da autoridade.
          O condenado severamente punido será como um soldado que tombou no campo de batalha
          administrativo pela autoridade, os Princípios e a Lei, que não admitem que o interesse
          particular domine a função pública, mesmo por parte daqueles que dirigem o carro da
          sociedade. Nossos juízes saberão que, querendo gabar-se de tola misericórdia, violam a lei da
          justiça, instituída para edificar os homens, castigando os crimes, e não para que os juízes
          mostrem sua generosidade. É permitido dar prova dessas qualidades na vida privada, mas
          não na vida pública, que é como que a base de educação da vida humana."

          Medo de morrer vivendo com medo.
          Isso sim é espiritualidade.

          quinta-feira, 23 de setembro de 2010

          Tombo à Luz do Pôr-do-Sol de Brasília.

          No intervalo inusitado entre o lá e o aqui,
          conecta e desconecta-se o abismo entre o desvio moral e as dores da doença à qual se deve promover.
          Sobre os tombos de um bêbado que perdeu a festa,
          digo com certeza:
          ele faria tudo novamente, igualzinho.
          É muito cedo pra virar santo.
          É muito cedo pra esquecer o passado.
          Mas virão novas festas, e os que estão por cair cairão.
          Os que sobreviveram ao tombo estarão melhor preparados.


          quinta-feira, 9 de setembro de 2010

          Canal 06

          Num dia desses estava sentado defronte ao mar. Deixava a brisa umedecer meu rosto enquanto afinava o violão. Logo seria pôr-do-sol, e gostaria de fazer um luau em sol que tenho elaborado há anos.
          Mas chegou um senhor de idade bem avançada, vestido de branco, que entre palavras estranhas percebi o som de algo que sugeriria que ele gostaria de se sentar ao meu lado.
          Continuamos ali por uma breve pausa como se nem estivéssemos.
          Seu cachimbo de aroma bastante agradável se misturava ao do mar.
          O início do assunto foi ele apontando uma pequena senhora meio amarelada, que vinha a certa distância caminhando pela areia, deixando as baixas ondas lamberem seus pés como se fossem o gesto afetuoso do velho cão que nem existe mais.
          Ela conversava sozinha, e, sendo fim de inverno, a temperatura não parecia favorável às suas poucas vestimentas. O restante de carne enrugada que ainda lhe cobria os ossos não dava margem pra outros pensamentos que não fossem meio mórbidos.
          O velho enfim se pronunciou, e me perguntou:
          _ Vocês tem um nome pra pessoas "doentes" como ela, não têm?
          _ Respondi de ombros afirmando que sim. Disse que provavelmente era esquizofrenia, ou algo do tipo.
          Enquanto isso a senhora seguia sua caminhada de fim de tarde conversando com seus botões...

          _ Na verdade ela está falando com aquela que um dia fora sua serviçal mais íntima...
          _ E qual seria o conteúdo da conversa?
          _ Vou repetir o que conseguir ouvir... certo?

          "_ E pensar o quanto isso era bonito. Quando comprei o apartamento a vista dava para o mar, hoje se ergueram sei lá mais quantos à sua frente. E esse cheiro? De onde veio tanta gente pra ter tanta merda assim? Nossa democracia é um fedor.
          _ Então por que a senhora não me acompanha, poderemos continuar nossa conversa num belo lugar.
          _ Ainda não posso morrer. Eles afirmam que estou louca, e esses meus filhos encardidos estão colocando um advogado pra resolver esses assuntos. Quero ver essa briga enquanto estiver viva. Sabe que gosto de uma boa briga. Deixe que pensem que sou doida. Que partilhem os bens como quiserem.
          Enquanto isso continuarei caminhando. Todo dia. Até avistar o navio que trará de volta o meu amor.
          _Na verdade ele nem era seu amor... Ele a fez sofrer... Nem estará entre nós.
          _ Por isso mesmo. Quero enfiar a mão na cara daquele desgraçado.
          Nisso surgiu uma espécie de acompanhante, provavelmente terceirizado, porque não era da família, e a conduziu para seu apartamento sem vistas para o mar.

          O velho... Sumiu

          Terminei de afinar o violão e improvisei sob o sol que vagarosamente desaparecia na linha do infinito.

          sexta-feira, 27 de agosto de 2010

          Casa do delírio...

          Às vezes imagino que há, entre as pessoas, uma linha tênue que funciona como espécie de véu invisível. Ela recobre o mundo meio real meio imaginário que somente que o outro pode enxergar. Abstraio que essa linha funcione porque na verdade ela é como um espelho que capta a imagem do plano de fundo e a reproduz à frente do indivíduo. Nesse jogo de luz, fica então a representação do ser conforme a estética do mundo como tal se lhe apresenta.

          Numa reportagem sobre o manicômio judiciário de Franco da Rocha - feita por Douglas Tavolaro - fiquei perplexo com o quanto é cruel a associação entre crime e loucura, e que como comuns caminhamos lado a lado.

          Não sei se é divagação demais, mas o que diria Nietzche sobre o fenômeno da internet? Será que se dissesse alguma coisa ele diria dela através dela ou seria por algum livro acadêmico? Seríamos nós os leitores futuros a quem ele destinou seus trabalhos, uma vez que em seu tempo a informação era privilégio?

          Gosto de plantas. Será que com a engenharia genética ainda não criam uma hora dessas um jogo em que eu mesmo possa brincar com quites de entretenimento que contenham material genético para produzir androceus e gineceus conforme meu gosto, para enfeitar meu apartamento de 72 metros quadrados, já que não cabem aquelas jaboticabeiras lindas que haviam há muito tempo no sitio do meu avô?

          Será que todo crime tem um pouco de loucura ou toda loucura se tornou parte de um crime ou o crime em si?

          Será que o que na vida real é um crime na internet o mesmo não o seja?

          Será que não precisamos do véu de privacidade para nos protegermos dos loucos que nos rodeiam ou dos loucos que podemos nos tornar?

          Ainda bem que as orquídeas já tem beleza suficiente, e que eu não preciso brincar de ser Deus porque nunca faria algo mais belo.

          Mas por que não fazer dela um quadro fantástico com jogos especiais de cores usando o photoshop?




          sexta-feira, 13 de agosto de 2010

          O Sonho Químico

          Para quem admira a estética da automação e vibra feliz com o ladrar dos motores, ir ao autódromo é uma boa opção de entretenimento.

          As corridas e os jogos são grandes vitrines sinestésicas, em que os espectadores interagem física e psicologicamente com os uniformes das equipes e seus ícones.

          Nesses uniformes, marcas de bebidas e remédios convivem harmoniosamente.

          O que não me caiu muito bem foi o pastel com a cerveja da marca patrocinadora.

          Fui à farmácia e achei caro o remédio prescrito por mim mesmo. O farmacêutico, que ganha comissão na venda de similares, propôs um outro remédio, que por coincidência era do laboratório patrocinador da equipe vencedora da corrida a que assisti.

          Entendo que no conteúdo do frasco não exista nem matéria-prima, nem custo operacional de produção e nem impostos suficientes pra justificar o alto custo.

          Mas então pelo que paguei, se não o efeito desejado? Mas e os efeitos colaterais? Não deveriam ser argumentos fortes à redução dos custos?

          O efeito do consumo da bebida compensa a potencial dor de cabeça subseqüente?

          Quantas pessoas estão vivendo o “sonho químico” em seus comprimidos para dormir e acordar?

          Quais os parâmetros de lícito e ilícito?

          Meu cunhado, propagandista de uma indústria farmacêutica, é fascinado pelos motores. Liguei para ele durante a corrida do meu celular, cuja operadora tem um plano que só pago o primeiro minuto, e deixei o celular ligado à vontade para passar vontade nele.

          Antes, nas telecomunicações, tudo era caro. Hoje eles dão os aparelhos e a telefonia móvel é mais barata que a fixa. Inclusive e equipe da segunda colocação era patrocinada pela mesma operadora do meu celular.

          Ficou um zumbido no meu ouvido por dois dias. Só consegui dormir por causa dos remédios, que tenho percebido não mais fazerem o mesmo efeito do início.

          Na época das guerras, quando não havia antibióticos, o que restava era amputar. Hoje as amputações estão voltando à moda, porque antibióticos de alto espectro não fazem mais efeito.

          Então pelo que estamos pagando, senão a beleza das corridas com seus carros...? Sem contar o ingresso, o estacionamento, a cerveja, o pastel, o remédio...


          terça-feira, 10 de agosto de 2010

          Etiqueta

          " Pequeno rótulo que se aplica a um objeto para indicar-lhe o preço, o conteúdo etc. / Fig. Cerimonial usado nas cortes, nas residências dos chefes de Estado etc. / Formas cerimoniosas usadas entre particulares: observar a etiqueta." - Dicionário Aurélio

          Ou então etiqueta pode ser a compactação ou diminutivo da palavra ética. Dessa forma:
          • Pequeno rótulo que presta ciência moral do conteúdo de um objeto contido numa pessoa ou pessoa contida num objeto.
          • Cerimonial que normatiza a moral, "bons costumes", antigamente nas cortes, atualmente na internet.
          • Forma cerimoniosa de moral ou imoralidade entre particulares em situações públicas, porque estão observando as suas etiquetas e sua etiqueta.
          Ponto e vírgula. Ponto.

          Decepção

          A imagem à qual supostamente presto devoção surgiu no google quando digitei a palavra Deus. Achei a imagem bonita e mandei plastificar. Foi criada por Alex Gray.
          Meu maior companheiro, especialmente projetado para absorver impactos, é meu celular. Ele me acorda e é meu relógio e calendário.
          A vela que acendo diariamente o faço na dúvida. Mas o desafio está em deixá-la bem no centro para queimar homogênea.
          Quando oro, pensamentos se cruzam ao perguntar se tem alguém me ouvindo, mas todavia termino a prece, que em si já deve ser obrigatoriamente agradecimento, posto que se há fé suficiente, a graça já fora garantida.
          Uso a razão para refutar a razão.
          Uso a oração para abafar tanta decepção.
          Cansei da gravidade jogando tudo ao chão.

          domingo, 1 de agosto de 2010

          Sobre tijolos de demolição

          No alto da colina, onde a nascente do rio faz sua primeira curva, existe um castelo de destroços.
          Ali há o glamour da razão com toda sua matemática que não permite que aquilo novamente desmorone sobre nossas cabeças.
          Ali há também a essência do silêncio de tantas vidas e de tantos sonhos adormecidos nos tijolos desnudos oriundos de diversas áreas cujas arquiteturas ganharam novas configurações e os antigos edifícios permanecem, se muito, apenas em fotografias.
          Iracema explicou que ali chegam peças arquitetônicas de todo mundo para serem restauradas, e que a venda de tijolos de demolição é lucrativa, porque eles valem mais... Literalmente.
          Nessa mesma época superei a dialética dos mecanismos morais envolvidos na cognição da bondade, pensando formas de aplicá-la a mim mesmo.
          Percebi ( dentro do quanto pude lembrar) de quantos castelos desfeitos ainda haviam dentro da minha mente, e que nunca cogitei reutilizar os infinitos tijolos de demolição espalhados por causa da minha própria remodelação.
          Quem sabe agora, sabendo que eles valem mais, eu dê maior valor às coisas quando olhar para trás.
          É correto.

          quinta-feira, 29 de julho de 2010

          O cara

          "Que eu faça um mendigo sentar-se à minha mesa, que eu perdoe aquele que me ofende e me esforce por amar, inclusive o meu inimigo, em nome de Cristo, tudo isto, naturalmente, não deixa de ser uma grande virtude. O que faço ao menor dos meus irmãos é ao próprio Cristo que faço. Mas o que acontecerá, se descubro, porventura, que o menor, o mais miserável de todos, o mais pobre dos mendigos, o mais insolente dos meus caluniadores, o meu inimigo, reside dentro de mim, sou eu mesmo, e precisa da esmola da minha bondade, e que eu mesmo sou o inimigo que é necessário amar?"

          C. G. Jung

          terça-feira, 27 de julho de 2010

          sem títulos...

          Não adianta ficar me perguntando...
          Já disse: é apenas o vento soprando palavras que não se calam ao tapar os ouvidos.
          Logo vai se acostumar.
          Até logo.

          quarta-feira, 23 de junho de 2010

          Momento Junguiano

          Após extensa e gratificante leitura das mais de 550 páginas do tratado Tipos Psicológicos de C. G. Jung, me permito a audácia de um rápido ensaio sobre aquilo que assimilei.


          Primeiramente, partimos da tese de que antes e acima de qualquer método, existe o olhar subliminar de intencionalidade do próprio observador, que então dirige os resultados de sua percepção ao que for compatível com sua própria realidade de mundo.


          Mundo é, conceitualmente, o somatório de tudo, seja substantivo ou abstrato. Para cada pessoa existe o mundo, e com palavras expressamos o sentimento acerca desse mundo. Entretanto, o mundo, que parece existir por si, acaba se resumindo ao significado de cada palavra usada para expressá-lo diante da visão que cada pessoa tem ao se propor tentar ou ter de enxergá-lo. Esses seriam os chamados “jogos de linguagem”, em que a semântica das palavras se encontra em seu uso.


          Se pudéssemos perguntar diretamente ao mundo se ele é de fato ou simplesmente se acha o mundo, poderíamos nos surpreender com o fato de que ele não se acha nem é o mundo imaginado por ele e, ao seu próprio olhar, o verdadeiro mundo é bem maior do que aquilo que em nossa limitação consideramos como mundo todo.


          Aos olhos de uma bactéria, caso os possuísse, seu mundo seria visto a partir de sua própria e única célula primitiva, embora obviamente ela tivesse e percebesse diversos modos de interação com organismos superiores e bem mais complexos, sua consciência disso, embora existisse, não passaria então de superficial, se comparada à visão que temos da altura onde nos encontramos.


          Ao mesmo tempo, nós - referidos pertencentes aos seres superiores e complexos -, na ausência de microscópios, igualmente não poderíamos enxergar objetivamente a existência nem de bactérias nem de nossas próprias células, muito menos o esboço da arquitetura do universo sem os telescópios.


          Todavia, podemos enxergar nossa imagem primitiva sem espelhos, apenas fechando os olhos, ou seja, imaginando... Igualmente, na ausência daqueles instrumentos, como fora durante muito tempo, as pessoas eram capazes de supor sustentavelmente a existência de tais estruturas micro e macroscópicas devido a percepção de mecanismos autônomos de interação e funcionamento com o próprio organismo.


          Igualmente, ao penetrarmos qualquer mundo psicológico alheio ao nosso suposto e profundo entendimento, inclusive sobre campos desconhecidos de nosso próprio corpo e existência, confrontamos tais mundos da forma como eles se nos apresentam - o que em outras leituras seria algo de natureza mais filosófica clínica, atuante de maneira ímpar na busca da interioridade e individualidade.


          Dessa maneira, o “cisco no olho do irmão”, como Jung descreveu, pode vir a incomodar mais que se fosse no seu; daí uma maneira de justificar não dever haver preconceitos sobre qualquer “cisco” ser incômodo ou não. Isso, citando Clarice Lispector, seria, por exemplo, o fato de que devemos ter cuidado ao mexer os defeitos porque não sabemos sobre quais estamos edificados. Os “ciscos” são defeitos que podem, pela suas funcionalidades ou dependendo do ponto de vista, não serem defeitos.


          Nesse raciocínio, fica claro (a mim) que Jung, em suas observações, tenha constatado fundamentalmente que, em tese, cada pessoa é um mundo e, para qualquer que seja a pessoa, sua epistemologia, isto é, suas formas de conhecimento e compreensão das coisas, se baseiam no que se apresenta interna ou externamente ao universo psicológico a partir do qual ela se reconhece como ser.


          Entretanto, interno (tipologia introvertida) ou externo (tipologia extrovertida) são só questões de referencial, que dependem, pois, daquele referido olhar do observador - o que numa matemática simbólica, ao utilizar o conceito de inverso (“número pelo qual se multiplica outro número e o resultado é 1”), os tornam a mesma coisa. Ou seja, introversão e extroversão são modalidades que se complementam e integram o todo e a unicidade dos mundos individuais. O universo psicológico se equilibra ou desequilibra pelos tipos de relações dos seus inversos – que nunca devem ser interpretados como opostos, isto é, entidades que se anulam -. É interessante ilustrar que “ser humano” não é só designação substantiva ou meramente predicativa do sujeito, mas sim que semanticamente também inclui o “ser” como verbo no infinitivo, do qual se deve subentender um propósito e uma proposta.


          Para C. G. Jung, a psicologia têm como referenciais de estudo a emoção, a intuição, a razão e o pensamento. Cada um desses “pilares” tende a uma inclinação natural de maior foco em relação ao interior ou exterior do objeto. Este objeto entendo ser a consciência que se coloca à frente do véu do inconsciente.


          Nesse caminho, numa mesma pessoa, cada uma daquelas “estruturas psicológicas” podem tender mais ao interior abstrato do processo de consciência ou ao objeto externo ao lugar onde se processa a consciência daquilo que se encontra fora de si. O somatório virtual dessas tendências viria a caracterizar o tipo introvertido ou o tipo extrovertido, respectivamente.


          Sendo assim, se torna impossível acessar a integralidade da psicologia individual porque, neste âmbito, as possíveis correlações cognitivas e suas imagens são infinitas, inclusive porque não necessariamente uma pessoa pode deter os quatro pilares em sua estrutura de pensamento. Igualmente, o jeito como cada um acessa, descreve e vive seu mundo individual, se torna absolutamente limitado à subjetividade da linguagem utilizada ao processá-lo.


          Supomos que um cético não intui, e seja absolutamente materialista, caracterizando um tipo extrovertido. Mas no seu interior, a verdade pode ser que sua intuição é tão forte que sua maior intuição é não intuir sobre nada, o que o torna absolutamente introvertido.


          Uma pessoa fria, apática, finaliza seu perfil como não emotivo. Mas sua dor por emoções vividas, que permanecem vívidas em seu consciente e inconsciente a torna mais emotiva que a pessoa que extravasa mais evidentemente suas emoções.


          De uma pessoa que age aparentemente sem muita reflexão, não medindo as consequências de seus atos, poderíamos dizer que não pensa antes de fazer as coisas. Entretanto, ela pode ser adepta da filosofia pragmatista, cujo avançado processo de pensamento indica uma resolução mais funcional dos problemas, e o erro seu maior aprendizado.


          Pessoas que agem de maneiras adversas àquelas que mantém uma “boa relação” com seu meio social acabam por nunca terem razão, e perderem energicamente para a opinião da maioria. Mas se houvesse uma compatibilidade de valores com os mundos particulares de seus semelhantes, elas teriam razão perante os olhos alheios.


          Normalmente, as pessoas são inclinadas a sacrificar certas tendências naturais de sua personalidade para acessar as chaves dos portais de “mecanismos compensatórios” pela finalidade de adaptação a circunstâncias supostamente mais importantes à sua própria essência. Mas o fato é que, às vezes, por certos propósitos, as pessoas sacrificam o que lhes eram mais ou menos importantes e trapassam o próprio destino. Para mim, a partir desse raciocínio, ficam caracterizadas as decepções, que movimentam todas doenças emocionais e cataclismos sociais ao longo dos tempos.


          Enfim, tudo depende do referencial, mas fica claro que tudo que existe, ou seja, o universo, descende da dualidade dos inversos de sua constituição substantiva e/ou abstrata. Um fio de cabelo na cabeça é pouco, mas num prato de sopa é muito.


          Considerando então as linguagens diferentes, as condições adversas de tempo e meio vividos pelos povos, bem como a moral, os costumes e enfim, a totalidade da coerção social prévia à vida dos novos indivíduos e demais características gerais da suas situações, são estabelecidos padrões gerais que passam a serem chamados arquétipos, e a movimentação dinâmica “virtual” que sugere tais tendências, o inconsciente coletivo.


          Surgem assim os símbolos, que nos remetem às equações de denominador comum com os demais semelhantes, e expressam numa linguagem comum e atemporal os significados intrínsecos à essência existencial do ser humano.


          Nessa instância, fica óbvio o porquê de C. G. Jung também abrir espaço para Deus nessas mesmas equações, pois se trata de um símbolo universal que se encontra plantado em nossos corações desde quando nos damos conta de sermos seres dotados de consciência.


          Talvez a raiz da problemática do divino esteja numa correlação equívoca da busca sensual dessa experiência, enquanto não nos damos conta de que ela reside apenas no pensamento, o que por si já a torna verdadeira.


          Entendo finalmente que a evolução filosófica e espiritual, adornada de caminhos iniciáticos, ou seja, vias de autoconhecimento, num processo de individuação, como diria Jung, deva começar com choques de realidade e desconstrução de antigos laços para abertura de novas experiências.


          Mais que a pretensão de expressar em menos de 3 páginas tão vasta obra sobre a psicologia das profundezas, espero que alguém que talvez leia este ensaio considere minha boa intenção e sinta-se convidada a mergulhar no mundo de Carl. G. Jung. É um bom caminho.


          Por Fabrício Manoel Oliveira

          Finalizado em 23/06/2010


          segunda-feira, 21 de junho de 2010

          Sonhos...

          Às vezes tenho medo de, ao fechar meus olhos, me perder pelo mundo dos sonhos e nunca mais querer voltar.
          Coisa tão estranha é essa de sonhar e despertar...
          Quando acordo tenho lá minhas dúvidas sobre a qual universo de fato pertenço.
          São mais parecidas comigo aquelas situações sem cabimento com pessoas que nem conheço e que de repente se transformam em outras pessoas de outros lugares com outros assuntos.
          Nos sonhos vivo um pouco do livro há pouco lido,
          do filme assistido
          do momento convivido
          do sentimento arrependido
          do desejo reprimido
          do meu mundo escondido.
          Vivo intensamente a sensação de horas sonhando quando na verdade os sonhos se passam em poucos instantes...
          Acho que os sonhos nortearam, em instância de própria análise, aquela história da Clarice Lispector sobre ter cuidado ao destruir os próprios defeitos porque não sabemos de fato quais deles nos sustentam. E a própria sugere:
          "Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento"
          Quanto aos pesadelos...
          Ainda os acho bem melhores que a solidão de estar acordado...
          Prefiro novamente adormecer e colocar o relógio pra despertar só quando todos também estiverem acordados.

          quarta-feira, 16 de junho de 2010

          Sr. Paulo

          Nessa semana o céu ficou mais alegre.
          Finalmente um senhor interessantíssimo, que conheci há algum tempo, foi visitar pessoalmente sua amiga Maria.
          Todas as noites ele sentava-se para um café (ou era chá...) e um bate-papo descontraído com ela... E ai de quem discutisse ou duvidasse.
          Deixou neste mundo uma vasta prole de lindas mulheres de afeições bem superiores aos defeitos.
          Anualmente seu rito natalino se tornava uma grande festa com seu presépio tão vívido que dava até medo daquelas figurinhas começarem a andar ou conversar.
          Para ele pouco importava se Jesus existiu mesmo ou não, tampouco se nasceu no dia 25 de dezembro, menos ainda se era rico ou pobre ou se freqüentou escolas ocultistas no Himalaia.
          Para esse nosso amigo o que valeu foi a lição de amor, tolerância e honestidade que essa bela história é capaz de encher de amor o coração daqueles que crêem.
          Esteja na paz, grande amigo, e que papai do céu, seja ele como for, não perca por demais seu tempo contabilizando o livro da vida, e que a paz eterna o ampare.
          Fica, assim, eternizada minha homenagem ao pai de minha estimada amiga Camila.

          quarta-feira, 9 de junho de 2010

          Finalidade

          Após o tempo possuímos o não-tempo... entendendo como não-tempo tudo que nem se foi nem se vai, simplesmente é e está.
          Decorrente do cotidianismo dos poucos anos, iluminado sob a cúspide angular do máximo alcance dos pensamentos livres, sementes de dúvidas sobre verdades latentes explodiram como serpentes cósmicas - mais ou menos na velocidade da luz que recorta a escuridão do espaço imaterial enquanto neste não houver o que se mostrar - buscando desvendar mistérios ocultos tanto nas espirais dos ácidos nucléicos quanto nas máximas macrocósmicas do além eu pertencente a mim mesmo e a qualquer pessoa que tente dar conta do porquê de si.
          Coloco à disposição dos navegantes e geômetras, que não por acaso venham a passear por aqui, um romance psicológico contemporâneo e atemporal, sobre todas as viagens que minha história permitiu e entendo que permitirá... É uma via sem fim mas cheia de finalidades, pelo Todo e sempre possível sentido do que há num haver em seu significado mais abragente inteligível...
          Que o Divino Humano que habita em mim habite o Divino Humano que se encontra em você, e que assim seja.
          Grande Abraço,
          Fabrício

          terça-feira, 8 de junho de 2010

          Demência

          _ Mas o que seriam esses portais?
          _ Que mística é essa?
          _ Estaria minha alma vendida ao diabo?
          Ah... Essas malditas vozes que me enquadram em diagnósticos tão sombrios e macabros...
          Mas verdade seja dita, coloquei sim minha alma à venda, mas não houve quem pagasse o preço.
          Fui renegado pelo bem e pelo mal, e meu próprio reflexo tornou-se meu algoz.
          Quanto aos portais, entendam-se, das suas aberturas, os possíveis níveis de entendimento e reconhecimento daquilo que se encontra no interior daquilo que fora aberto.
          A mística esta na mágica daquilo que funciona sem grandes explicações que se coloquem verdadeiramente ao alcance do fato em si e que age por si.
          Quanto ao diabo, diria, pela nossa última conversa, que ele está oferecendo em leilão lotes e lotes de almas à salvação...
          Das mansões aos porões do submundo: estão todos lotados. Nem os catedráticos em obras demoníacas tem tido seu espaço reservado. Apenas os exorcistas tiveram aumento no piso da categoria.
          A reforma agrária territorial do inferno foi feita na cama, e os anjos decaídos semi-diabólicos estão exaltados com o excesso de servos.
          Todos estão condenados e na verdade ninguém quer se comprometer antes de saber para onde de fato vai.
          Está faltando gás, está faltando lenha.
          O índice de desemprego é altíssimo, mesmo com excedente de mão-de-obra especializada.
          A estética da morte maldita parece ser mais atraente, e no final não mais se acredita nem em Deus e nem na salvação porque nenhuma alma pode mais conceber lugar que não seja aquele próprio onde já reside.
          O purgatório está pior que a fila do SUS e da Medial Saúde.
          O diabo precisa de férias. Não está comprando nada.
          Dessa forma, o céu vai ser para sempre o paraíso intocável: não tem ninguém.
          Aos acéfalos dementes e ignorantes gerais fica disponível um grande falo onde lhes convier.


          Intuição...

          Assustei quando percebi que não conseguia mais lembrar dos detalhes dos seus traços... Não mais que apenas vagamente do brilho de seu sorriso marfin e do hálito de aroma adocicado que se difundia em nossa atmosfera particular ...
          Mas foi necessário sumir, seguir sozinho e reaprender a conjugar os verbos diante de tudo ter se tornado passado, e diante daquilo que seria o futuro ser então apenas uma sombra de memória neste nostálgico presente.
          A atração se tornou repulsiva, e as palavras secas não mais palatáveis aos ouvidos; os olhos se fizeram cegos e a serenidade se escondeu nas microscópicas ondas de impacto das lágrimas ao se esparramarem pelo chão.
          Sua sobriedade, adornada dos mais bem vestidos preconceitos, sufocou por demais e fez-me odiar aquilo que mais achei que queria.
          Ah, se pudesse esmagar com um murro essa sua cara inocente metida a inteligente... Ainda bem que dela quase não lembro mais.