domingo, 1 de agosto de 2010

Sobre tijolos de demolição

No alto da colina, onde a nascente do rio faz sua primeira curva, existe um castelo de destroços.
Ali há o glamour da razão com toda sua matemática que não permite que aquilo novamente desmorone sobre nossas cabeças.
Ali há também a essência do silêncio de tantas vidas e de tantos sonhos adormecidos nos tijolos desnudos oriundos de diversas áreas cujas arquiteturas ganharam novas configurações e os antigos edifícios permanecem, se muito, apenas em fotografias.
Iracema explicou que ali chegam peças arquitetônicas de todo mundo para serem restauradas, e que a venda de tijolos de demolição é lucrativa, porque eles valem mais... Literalmente.
Nessa mesma época superei a dialética dos mecanismos morais envolvidos na cognição da bondade, pensando formas de aplicá-la a mim mesmo.
Percebi ( dentro do quanto pude lembrar) de quantos castelos desfeitos ainda haviam dentro da minha mente, e que nunca cogitei reutilizar os infinitos tijolos de demolição espalhados por causa da minha própria remodelação.
Quem sabe agora, sabendo que eles valem mais, eu dê maior valor às coisas quando olhar para trás.
É correto.