quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Suicida

Esses dias pra trás um rapaz suicidou acidentalmente - porque suponho que ele não queria de fato suicidar -.

Tenho minhas dúvidas sobre se sua agonia lhe dava direito à salvação, mas não cabe julgar o depois, e sim arguir o que se foi até quando terminou aqui.

Entendo que um suicida seja um egoísta que porque trapaceia o próprio destino ao sacrificar o que julga ter de mais importante.

O mistério que o aguarda aparece descrito de forma bem hostil por aqueles que supostamente se comunicam com o além.

Sendo assim, rezemos por ele, da forma como cada pessoa entenda que rezar funciona, porque, afinal de contas, quem não suicida pelo menos um pouquinho todo dia?

Mas... Será?

Histeria? Bipolaridade?

Tinha um rapaz lá pelas bandas de lugar algum que uns diziam doido e outros mais atrevidos à bondade diziam doente.

Esse rapaz jurava de pés juntos que toda a realidade é uma história ensaiada antes de nascermos, sempre havendo narradores oniscientes rasurando e reescrevendo nossa vida.

A grande dialética que deixou o rapaz meio transtornado era a questão de Deus.


Ele se perguntava sobre se tão somente o existir já não fosse condição suficiente de prova, posto que não há coisa precedida sem pensamento.


Por outro lado, assentia a possível sensorialidade divina intrínseca ao processo cognitivo de nosso pensamento e consequentemente no resultado de ações agradáveis ou não aos olhos de Deus.

Deus personificado ou Deus integralizado ao todo? Ou “ou” e “ou”? Luz... Trevas? Algo a mais ou a menos que aqui?


Não havia nem remédio, nem igreja e nem filosofia para a histeria do rapaz... Que parecia doido de tanto medo que sentia ao ver o filme da vida passando de verdade.