quarta-feira, 22 de junho de 2011

Vai, besta

Não pretendia nada, talvez apenas no máximo nadar um pouco...

Caminhava solitário na calmaria da baixa temporada, refletindo profundamente sobre a brevidade da vida e na complexidade da felicidade. Estava ali pela minha autossuficiência de poder caminhar e do poder aquisitivo de poder estar ali, pois muitos não estavam.

Fui para rever um velho amigo, enquanto meu olhar esbarrou com uma velha amiga mais velha ainda... A lua cheia exuberante se impondo timidamente no azul do entardecer...

Segui ensimesmado admirando o céu de brigadeiro, enquanto me arrepiava com a água que beijava o sorvete de creme feito de areia... E nessa tarde tão doce, analisando a vida e reforçando o significado da amizade, enxerguei uma criança absolutamente compenetrada numa tarefa que julguei bastante inviável...

À medida que me aproximava dela, fui desvendando que seu propósito era realmente aquele que havia suposto.

Aquele menino de rosto angelical estava contando grãos de areia... Me aproximei e tentei puxar assunto, mas ele me desdenhou absolutamente. Não contente com a indiferença, disparei uma flecha verbal em sua direção...

" _ Viu, garoto, você nunca vai conseguir contar todos os grãos de areia dessa praia!"

Ao que me fora respondido:

" _ Não preciso contar tudo, só o que está em minha mão. E é mais fácil eu conseguir contar esses grãos de areia do que você entender a brevidade da vida ou o real significado da amizade, porque isso só Deus sabe!"

Nesse instante um cão surgiu sei lá de onde e me olhou profundamente nos olhos, babando de vontade me devorar...

A criança ria de dar gosto enquanto eu me borrava... Até que o menino chamou o cão e saíram fraternalmente correndo pela praia, até eu os perder de vista...

Lembrei de um livro que li há muito tempo, do Paulo Coelho... E decidi onde será minha nova caminhada.

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