segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Dedim de prosa

Era uma vez um cara muito estranho... Adorava ficar estimulando a mente das pessoas.

Tinha respostas meio atípicas para certas situações, como por exemplo quando fora chamado para uma despedida de solteiro de um amigo do amigo de um primo terceiro. Respondeu que se houvesse alguma coisa para comemorar na despedida de solteiro a pessoa não estaria casando.

Certa vez como sempre caminhando ensimesmado, via de tudo sem parecer que algo via. Tinha uma doença degenerativa no nervo oftálmico, e só possuía visão periférica.

Certa vez ele viu um corpo negro, alado e flamejante caindo das nuvens... Correu ao encontro do corpo que ninguém mais pareceu ter visto - aliás, quem além de nosso herói esotérico iria ao socorro de uma coisa chifruda alada flamejante caindo do céu? - .

Foi num beco meio nem assim nem assado, sabe? Beco esquizoide. Beco comum, numa travessa de rua qualquer de lugar nenhum, desses que os restaurantes fecham na hora do almoço.

_ Nossa Senhora da Aparecida do Norte, coitado do senhor! Que tombão heim...?! kkk

_ Nossa sra. o cacete, seu feioso sabe quem sou?

_ Olha só quem fala uai... Tá parecendo o Diabão, famoso Samael, Quinto Planetário, ou como cai melhor nesse caso, o Anjo Caído!

_ Tá me sacaneando, seu zuretão zaroio?

_ É bom ser desse jeito. Não pago passagem e sempre tem uma boa moça pra me ajudar atravessar a rua. Bom demais. Mas então... Deixa te ajudar levantar, seu chifrudo.

_ Obrigado... Bondade sua, mas não espere ar condicionado lá embaixo por causa disso, certo?

_ Bem capaz que vou queimar... Mas se você tá vindo lá debaixo, como caiu do céu?

_ Na verdade o centro da terra é oco. Estou sempre sendo aniquilado ali e aqui. Qualquer derrota é coisa do demônio... Mas enfim, estou vindo aqui receber minhas colaborações da causa partidária.

_ É seu safado, não quis esperar terminar o quinto dia da criação... Eu sei o porquê... É que implantando o físico-mental-abstrato antes do tempo, seria mais fácil ludibriar as pessoas, que então entrariam em colapso acerca do real e do imaginário.

_ É.. Pode ser... É meu historiador, por acaso, seu “caôio”?

_ Quem vê cara não vê coração. Meu problema resolvo com óculos escuros... Aliás ouvi dizer que tem umas ervinhas boas lá nas suas terras, sabe? Esse meu problema de olhos vermelhos vidrados e zambetas só se resolve com um colírio homeopático duma tal de Rempa Infernaliums.

_ É sr Caôio, o herói esotérico do Brasil. Estou mesmo precisando de um secretário aqui.

_ Epa, não vem que não tem. Não vendo nem empresto alma minha pra diabo nenhum...

_ Mas aluga, não aluga?

_ Uai... Alugar a gente aluga... Uai... Paga quanto?

_ Pagarei em conhecimentos transcedentais, poder e vida eterna! HaHaHaHa

_ Bem capaz... Essa não cola comigão não, mano. E como que eu como? Sou muito ocupado. Quero saber dessas coisas não.

_ Bem, não é todo dia que se encontra um zaroio simpático da causa partidária nossa... Pago (um) salário mínimo.

_ Um salário mais meio de insalubridade por causa desse teu fedor e passe.

_ Mas você não precisa de passe, seu zaroio.

_ Mas depois eu vendo na estação, uai.

_ De onde você saiu, sr zaroio?

_ Gaspar lopes, Vossa Exa. Flamejante do Quinto dos Infernos, Gaspar Lopes... Como qualquer messias enviado pelo tio Melk.

E assim nosso amigo Zóio c, o Herói Esotérico do Brasil, depois dum dedim de prosa com o coisa ruim, conquistou a confiança do diabo e alugou sua alma como autônomo.

As aventuras de Zóio, o Herói Esotérico do Brasil, continuarão.

Aguarde... HaHaHaHA

Para refletir - Vinícus de Morais