sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A realidade não pode ser medida pelo que podemos ver, mas sim pelo quanto conseguimos imaginar.


Às vezes  habitantes das trevas me visitam. Cheguei inclusive a formular a hipótese de que a decisão dessas aparições talvez não fosse opção arbitrária minha, mas talvez sim de uma possível habilidade especial outorgada a mim pela hierarquia administrativa e burocrática do Além.
Em oposição absoluta à tal hipótese sugerida anteriormente, afirmo sóbrio que a âncora da razão pura que de fato me conserva como um ser biológico e material pertencente ao Aquém -  que se distingue das abstrações côncavas ou convecças -, por ser em si a factual Realidade Física; entendo logicamente que na verdade ludibriei-me o plano psicomental ao viver negociando passivamente meus sentimentos em território imaginário com as projeções personificadas dos meus desejos, ao disponibilizar minha sensorialidade como espécie “prestação de serviços” àqueles que supostamente moram em algum lugar entre o lá e o aqui, obtendo em troca a satisfação de todos meus desejos sem a carga subjetiva da responsabilidade de responder pelas consequencias dos meus atos em vista de tudo isso.
De qualquer maneira, sejam elas circunscritas ao imaginário e/ou dotadas de materialidade bastante sutil, imperceptíveis aos sentidos quantitativos, o fato é que, fenomenologicamente, isto é, da maneira como o mundo se apresenta circinstancialmente defronte meu entendimento, as entidades das trevas de fato existem… Pois elas me visitam.
Exatamente por não vê-las, recorro aos ídolos dispersos nas mais diversas convicções visando personificar esses meus sentimentos mais íntimos. Nesse âmbito, tecnologias e teorias filosóficas que corroboram a ciência cartesiana dividem saudavelmente seu espaço com as religiões que exautam o Sagrado que habita algum lugar importantíssimo do meu interior.
Por objetivamente não afirmar que as ouço como um som que agita meus tambores timpânicos, assim pois não me encontro interno de um sanatório psiquiátrico. Não há em mim a doença mental, apenas sim a emocional. E isso é absolutamente tratável.
Imaginando por tentativas e erros estar reagindo coerentemente aos estímulos incognoscíveis, vou destilando fragmentos do agora através de pesquisas e experimentações derivadas do meu desenvolvimento físico-mental-abstrato.
Obviamente a definição de toda essa contradição pode ser resumida como Loucura. Tristeza e felicidade passam a ser tão elásticas que pela falta de consistência acabam dissolvendo as falsas importâncias, que na prática colorem de cinza o sentido da vida.
Não sou louco no sentido de doença porque a loucura clínica é uma equação derivada da genética inscrita em nossas biomoléculas essenciais, manifestadas no emergentismo físico e mental, absolutamente tratável pela medicina contemporânea, caso necessário o tratamento.
Também não sou louco porque por mais imperfeita signifique a luz que aos olhos alheios se me reflete, aindo respeito todos direitos que entendo como tais e portanto intrínsecos a todas formas daquilo que compreendo como sendo Vida.
Conheço bem os traços genéticos que orquestram silenciosa e sutilmente as manisfestações comportamentais dos meus consaguíneos. Não há loucura…
Mas mesmo não sendo um louco “stricto senso” (sentido restrito) ainda  assim me consideram como tal.
Contradizendo minha concepção que fora formulada de que alguem que precisa de ajuda não pode se autoajudar, declaro neste complexo ensaio sobre sobriedade e loucura que não preciso mais sustentar o título de louco e atrás dele não devo me esconder… Porque finalmente entendi que as trevas que me enlouquecem são as vozes loucas que imagino estarem debochando de mim. Talvez o inferno seja os outros. E é melhor acreditar que toda forma de agressão vinda deles é na verdade um pedido de ajuda. O mesmo vale para todas conseqüências negativas do meu egoísmo, que entendo ser a semente essencial de qualquer tipo manifestação agressiva.
A realidade não pode ser medida pelo que podemos ver, mas sim pelo quanto conseguimos imaginar.

Primavera 2011

Discretamente chega mais uma primavera, nos abrindo os portais que precisamos para receber a fecundidade do Sagrado Sol, simbolizado pelo Santíssimo Sacramento, através do qual com seus raios adornos áureos comungam Céu e Terra; o Sagrado Coração de Jesus e de Maria, cristalizando-se sob nossa imagem e semelhança a mística Búdica ou Crística; ou o Deus Tifferet; Amon Rá; e finalmente o chacra cardíaco do Arcanjo Rafael, da 4ª Ronda Terrestre, nosso atual dia da Criação..

Feliz Primavera