Se uma criança me perguntasse o que é o pensamento, eu responderia prontamente que o pensamento é "a coisa".
A coisa designa tudo e ao mesmo tempo nada é.
A coisa está equidistante de tudo ao mesmo tempo em que não a encontramos perto de nada.
A coisa é tanto que se pudesse ser desenhada seria do tamanho do céu até o infinito que aqui mesmo se inicia.
A coisa está dentro mente e sua essência remete a si ao ponto de se organizar numa matéria inteligente capaz de secretar e perpetuar a própria coisa.
A coisa surge dos sonhos e morre quando se concretiza, o que a torna imortal.
A coisa é em fração a palavra.
A coisa é a chave que abre e tranca qualquer porta.
A coisa é a crítica severa a qualquer coisa, bem como seu bem querer.
A coisa é mais rápida que qualquer coisa, o que a torna especialmente lenta pois para ela não existe tempo.
A coisa invade as coisas das outras pessoas, numa interação recíproca que as tornam tudo a mesma coisa.
A coisa pode ser qualquer coisa, pois, para a coisa, tudo e nada é a mesma coisa.
Provavelmente essa criança entenderia, e diante de seus olhos não me restaria dúvidas da essencial bondade que a constitui como um coisa humana, e que as coisas do mundo, não mais que as coisas do mundo, talvez um dia a torne essencialmente má.
Mas isso não é verdadeiramente um problema, pois tudo acaba sendo a mesma coisa.