quinta-feira, 28 de abril de 2011

Fragmentos de uma viagem ao futuro

A certeza de que os ciclos se repetem se prova pelo fato de que o “abstrato pressensível” sempre nos persegue… E nos encontra.
Mas o que seria um “abstrato-pressensível”,  senão o próprio espelho do imaginário? Emoção tão real quanto expressão; expressão tão nítda quanto a musculatura em sua dinâmica; movimentos precedidos por circuito elétrico, hardwere, cérebro, mente, pensamento… Imginário, emoção, expressão, comando…
Era um vez um cara que optou por limitar-se ao insosso ser apenas si, e descartou o imaginário. Pretendeu morrer antes da família e antes de construir uma própria. Acreditava que a paz eterna causaria menos danos, e o significado do sacrífício então mudaria o rumo de tantas outras. Mas ele era insignificante egoísta, portanto mal visto por não ter uma família própria, e de nada estatisticamente relevante serviu sua morte, exceto do sofrimento da danação eterna… Por que então não morreu… Embora morto. A sorte trapaceou a vida.
Eis então intersessão entre sensorial e abstrato: o imaginário e sua expressão.

Ser ou não ser...

Mas acontece que daqui oro melhor. (Mas que causação é essa de orar? Talvez nada além da coinidência entre ação e reação….?)
O que não está dito está expresso. Os que optam pela linguagem corporal aderem aos enigmas dos significados da linguagem não verbal; como tatuagens,  ou estilos, que traçam no corpo a história do significado ou, pelo menos, o significado da história no âmbito circinscrito do tempo vivido (mais ou menos vívido).
E as estórias ficaram tão histórias, (depois) que foi após as estórias que as histórias acolheram um significado maior (pois as mentiras também dizem verdades reprimidas). Muito além de ornamento, a linguagem é a pedra atirada que não volta mais. Uma mentira deve ser vista como o desejo do mentiroso que precisa parecer coerente. Mas simultaneamente a mentira pode ser descoberta, e sua incoerência uma prova (da tentação maligna).
A mentira responde aquilo que se gostaria de responder caso a resposta de fato fosse a verdade mentida.
Não sei muito sobre a vida (além da certeza de que ela acaba). Quanto a existir ou não uma realidade transcendental que dá continuidade à coisa, prefiro o silêncio (pois afinal posso estar errado).
Os amigos que me lêem associam comigo o significado dos escritos, mas será que sonham que (talvez) todo esse suposto devaneio não pertença a mim? Mas não cola a questão da mediniudade de espíritos que se apoderam e dizem por mim…
Na incorporação espiritual nada há além de desejos contidos, mas assim sendo, não é menos digna, posto que revela a expressão do contido em si.
A verdade é que remeto ao filosófico tudo que vivo em prática.
Sou apenas um cirurgião-dentista. Sonho em recolocar mais elementos dentários que retirá-los. Deparo regularmente com a linha tênue da dor. E, dentro do que me cabe… Aprendo com infelizes, tais quais como um dia fui.
Reescrevo a expressão de quem se desmembrou em pedaços. Reabilito mutilados. Filosofia é enfeite.
Atuo recompondo estruturas minerais  e tecidos moles.  Não agrado a todos, mas quem a todos agrada?
Mais que fechado ao ato; não só filosofo; atuo.
Mas me pergunto: por que a filosofia e a psicologia não têm páginas em livros de fisiologia?
(???)

Mas o mal tem cara de anjo...

Não é novidade que sou agricultor e pecuarista de proles de  cruzamentos recessivos. Também não é novidade que negocio almas, embora me odeiem por isso.
Orar aos anjos bonitinhos é como se nos rendêssemos aos supostos suaves empréstimos bancários que (...). Negociar com os demônios  é aprender a lidar com seres tão inferiores quanto você e eu. Então vamos começar respeitar…. E parar de tentar negociar pernas de cadeiras com asas de chícaras!!!!
Aconteceu de verdade que alguém do lado de lá deu uma espantada nessa cachorrada confusa que por si vai sem pressa para algum lugar entre o lá e o aqui… Mas deve ser evitada, entretanto absolutamente respeitada.
Como o quê???

Ahn???

Sabem, gentes?
Não existe a ausência, porque se não ela logo seria uma presença. Nem que fosse uma ausência mais presente que a verdadeira presença.
Ausência e presença se referindo ao mesmo objeto não se definem. Então não há! Nem hão de ser…
Logo, ausências por justificarem os não fatos em si, não mais concretas que a palavra que caracteriza uma sequer ausência, de fato deixam clara a essência da ausência mesma.
Logo, há…
Há algo em mim e em não só em mim.
Há algo além de nós por nós, e que tem nome.
A ausência desse nome é nós por nós mesmos ausentes de si.
Mas se o si é o que é…
Logo o si somos nós ausentes de nossas ausências.

Então...

Esoterismo é bom, mas estudar fisiologia continua sendo a melhor fonte circunscrita de autoconhecimento. Aí, relendo um capítulo de neurofisiologia, acabei dormindo.

Aconteceu que sonhei que eu estava encolhendo, mas meu reflexo diante de uma espécie de espelho, onde pelo qual nos vemos nos sonhos, permanecia inalterado. Fui me tornando um gigante diante de meus próprios olhos... Até ficar menor que um caroço de jaboticaba que estava em cima da mesa.

De repente, eu vi que eu mesmo gigante queria comer a jaboticaba, mas acabei aspirando um pó que saiu da jaboticaba e me engasguei... Mas eu não era eu, porque eu mesmo acabei sendo aspirado junto, e caí dentro do meu próprio organismo.

Caí no meio de algo que parecia uma imensa floresta escura e úmida, onde logo percebi se tratar dos pulmões.

Puxado como que aspirado por um furacão, mergulhei num oceano violento, fui sobrevivendo em bolhas de oxigênio e acabei parando naquilo que imaginei ser meu fígado. Muitos trabalhadores em regime escravo entretanto sorridentes. A ordens que seguiam vinham lá de cima, e pareciam ecoar de uma grande espiral eletromagnética das cores de uma aurora boreal...

Meu corpo visto de dentro me lembrou um formigueiro, com as jardineiras, as cortadeiras e as soldadas... E o substrato fúngico era aquele bolo alimentar embebido em álcool que já chegava parcialmente digerido e ácido próximo ao nível de um grande forno, que chamavam Sr. Duodeno. As macroestruturas celulares pareciam ter vida própria e autonomia intelectual.

Haviam células soldadas, cortadeiras e jardineiras, todas exercendo mecânica e instintivamente suas funções, seguindo as ordens do alto. Não pareciam perceber a que universo complexo pertenciam. As que se revoltavam ou pensavam demais se tornavam cancerígenas, e eram executadas em praça pública pelo macrófagos, depois de tatuadas "desertoras" no meio da testa pelas imunoglobulinas.

Perguntei pra uma delas como saía dali... Me responderam que ou vomitado ou cagado...

Entre ser vomitado ou cagado, não vi o fim da história... Acordei com  meu nariz entupido, sufocado... Num mal humor biliar.

Foram várias as conclusões metafísicas que esse sonho premunitório me trouxe... Dá pra imaginar?

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ei...

Não fique aí respingando lágrimas,
Levanta logo a cabeça desse santo!

O tempo perdido no enxoval não foi tempo perdido,
mas é um tempo passado e logo agora já desiludido.

Doe tudo...
Não queime... vai...
era pra ser tão bonitinho,
pode servir a alguém...
Mas tomara que não né!
Porque ainda há esperança!!!
(créindeuspadi)

Mude seu endereço e principalmente de celular,
não deixe o eletroeletrônico ser seu melhor amigo.
(não ligue mais, tá?)

Viu... É tudo pro seu bem.
Amém. Thau
Amigos, tá

Dieta saudável

Ansiedade que não acaba...
 - mas haja jaboticaba! -
E esse sono que não chega...
- por causa da jaboticaba! -

Preto por fora com
branco por dentro: aroma
inconfundível que não sacia
e sempre acaba!!!

Até que se acaba no latino
aclive do morro da
JA-BO-TI-CA-BA 

(em busca de mais Jaboticaba)


segunda-feira, 18 de abril de 2011

Caridade

Na farmácia:
Várias pessoas na fila e um assistente de caixa cheio de espinhas em seu primeiro emprego pergunta conforme a menção decorada:
_ Gostaria de doar as moedas de seu troco para a AACD?
_ Claro!
Porque se não fica feio...

No semáforo:
_ Sr., ajude esse pobre aleijado!
_ Claro!
Depois de quase passar com carro em cima dele era o mínimo que poderia fazer.

No semáforo da frente:
_ Tio, arruma uma moedinha pra mim.
_ Claro!
Afinal de contas poderia ter sido chamado de mano ou truta.

No próximo semáforo adiante do anterior;
_ Vou lavar seu parabrisa...
_ Mas não precisa, está limpo...
_ Então me arruma uma graninha pro leite das crianças...
_ Claro!
Mas não para leite, e sim para a pinga que é pra esse diabo morrer mais rápido.

Chegando na garagem de casa:
_ Isso é uma assalto!
_ Claro! Mas já me levaram tudo, sobrou nada.

E para mim também não sobrou nada...

Mística

Acordei querendo morrer mas levantei.
Assustei o sono com um copo de café.
Tentei relembrar tanto e quanto sonhei
Mas esqueci jogando sal grosso no pé.

Acendi uma vela violeta ao anjo de guarda,
e fiz uma simpatia contra a mal retaguarda.

Mas cheguei ao quintal e ali estava:
Uma vela preta e uma vassoura levantada!
Ortogonal, não encostava em nada...
O encosto a sustentava, mas isso não prova nada...
Porque antes de mais nada
era só uma vassoura levantada.
Normal e ortogonal.

Cotidiano

_ Olá, amigo, por onde andou? Sumiu...
_ Cara, fui abduzido!
_ Por naves e ets?
_ Não.
_ Pela filosofia estóica?
_ Não.
_ Pela televisão?
_ Não.
_ Por alguma paixão feroz?
_ Não.
_ Amor?
_ Não...
_ Pela política?
_ Não.
_ Pela música?
_ Não.
_ Pela metafísica?
_ Não.
_ Então desisto... Foi pelo quê?
_ Pelo trabalho.
_ Ah... Larga mão de ser mentiroso, sô!

Ilusão de ótica

Foi assim...
Parecia estar subindo quando na verdade estava descendo...
Eletromagnetismo e coisa e tal.
Mas aí, vinha vindo eu pedestre normal pela praça,
e avistei um rato, isso um rato!
Como poderia aquele rato estar ali?
Que catástrofe sanitária dessa cidade insana!
Fui me aproximando do rato,
não sei se pensando matar ou apenas observá-lo...
Mas aí não era um rato,
apenas um pedaço de bombril 1001 utilidades
sendo arrastado pelo vento.
E só.

Bradicardia


Comendo mangas e manchando mangas longas,
Ouvindo sons dos tiros e dos motores aspirados..
Inspirado por sabores insossos e sombrios
Como se não houvesse mais nada
Como se não houvesse mais vida,
Assoprei o pó e as cinzas de volta ao passado.

Escutei mais tiros, logo, ainda estou vivo...
Mas é mais seguro distanciar-se dos tiroteios,
Para o pouco tempo passar mais devagar.