segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Dedim de prosa - Parte 05


Anualmente acontece a Conferência Internacional dos Líderes dos Principados Terrestres, também conhecido como G7.

Zóio, o Herói Esotérico do Brasil, estava preocupado... Provavelmente iria a julgamento pelo mal uso dos poderes.

Ao enxergar o coração das pessoas, não sabia que isso não implicava mudar os karmas das mesmas... - Zóio entendeu o karma como sendo uma trama existencial específica da evolução de uma alma, tendo relações diretas com suas diversas encarnações e mundos paralelos. Vulgarmente: a tal da predestinação.

Zóio entendeu a dor das pessoas... E quis ajudá-las, mudando seus destinos. As consequências não foram tão boas quanto as intenções...

O jagunço cangaceiro fora assassinado com uma chave de roda de trator. Seu assassino, movido por fortes emoções de ciúme, assim o fez.

Algumas prostitutas, que Zóio resolveu retirar “da vida”, voltaram à “vida” porque gostavam. As que não, caíram nas armadilhas de seus vazios existenciais.

Zóio começou entender que a prova maior do amor de Deus era não nos escutar. Todo mundo ia ter que ganhar na loteria, a morte sumiria...

Zóio muito deprimido, sabendo que deveria angariar almas para o inferno, percebeu que assim o fez supostamente tentando salvá-las.

Zóio, muito triste, acendeu um baseado e voou para São Tomé das Letras, sede da última Conferência antes de 2012... Chegando lá, resolveu chutar o balde. Pousou no meio da galera toda muito louca e... Ninguém deu bola.

No alto da pirâmide, Zóio, que recebeu esse apelido devido ao fato dos seus olhos serem a “janela da alma”, chorou.

Mas aí sentiu uma presença ímpar ao seu lado. Um sujeito com um violão começou tocar uma canção cujo refrão era “ O meu egoísmo é tão egoísta que o auge do meu egoísmo é querer ajudar...”.

Zóio espantou-se... Tratava-se nada mais nada menos que o próprio Raul Seixas.

_ Como assim?

_ Como assim como assim o quê, Zóio, meu brow? Estava eu ali sentado na lua declamando uns versos para Lilith quando eu escutei tu chorando... Sabe essa capa, essas asas e esses teus óculos? Foram meus...

_ “Porque quando eu jurei meu amor eu traí a mim mesmo, hoje eu sei, que ninguém nesse mundo é feliz tendo amado uma vez...” Essas inscrições na capa então foram suas?

_ É, cara, uma vez tive uma inspiração alucinada, mas aí não tinha papel, aí anotei na capa mesmo. Esqueci de limpar antes de devolver...
_ Então Raul Seixas foi o primeiro Herói Esotérico do Brasil!

_ Eu e meu amigo Paulo, mas ele vendeu a alma à Academia Brasileira de Letras e foi expulso da galera esotérica.
_ Já é, estou ligado. Mas e aí Raul... O que fazer?

_ Bicho, é o seguinte. Tu era churrasqueiro, certo? Então vamos dar um passeio nessas tuas asas de segunda mão, acender a fornalha e fazer o churrasco de pré-carnaval da galera dos Principados e Potestades. Aproveita e me dá um 2 aí...

Assim, Raul Seixas montou nos ombros de Zóio com seu violão, e decolaram cantarolando pelo céu de São Tomé das Letras... Até que pousaram na Pedra do Amendoim e adentraram pela gruta para atingir a dimensão da festa... É, só vendo para crer.

CONTINUA.