terça-feira, 26 de outubro de 2010

Interestadual

Conto de Mineiro


Acho que quem nasce em Minas Gerais já nasce minerador. Ele vai cavucando as rochas e encontrando seus tesouros ao longo das “encruzilhadas da vida torta”.

O mineiro quando criança é preparado pra receber bem os parentes paulistas “cheios da grana”, e crescer com a simpatia dos mesmos porque, quem sabe um dia, poderá mudar pra São Paulo e ajuntar algumas coisinhas boas da vida que o dinheirinho pode comprar. Até a cama da gente a gente tem que emprestar pra esse povo.. e eles que crescem nos “apartaméintos” ainda pedem lençol antialérgico.

Aí o mineiro cresce, estuda e, se conseguir formar, em minas “não tem” onde trabalhar. Aí acaba mudando pra São Paulo. Aí a gente pensa o que veio fazer nesse lugar. Aí os parente somem. Aí nós não somos mais visitas...

Paulista é engraçado. Debocha da gente falar “uai” e ser da roça, mas adora se sentir o cowboy. Compra uma pickupinha fudida, bota um sertanejão nas alturas, vai pra “chácara” no fim de semana e se sente “o” fazendeiro.

Adora passar ali do trevo de Extrema e dizer que foi pra “mílnas” nos tal de hotel fazenda.

Aqui a gente sai fim de semana e vai pros tal de shopping, onde mal dá pra tomar um chopinho e comer uma costelinha, porque eles enfiam a faca nos tal de outback.

A moças paulistas vivem num mundo de seriado americano que passa no sbt, “e nóis tem que bancá!”. Aí acaba que casa e descasa e a maledeta leva quase tudo que você tem.

Aí o mineiro revolta e compra um pedacinho de terra e volta pra Minas, pra ser político... Comerciante... e dizer que as coisas que vende são boas porque vêm de São Paulo.

Mas uma coisa é certa. Nem todo mineiro gosta de sertanejo.


Pelamordedeus!!!!!


Idéia concretista

É essa a semente que se modifica e encontra fertilidade em qualquer solo onde se plante:

(A idéia de loucura)

E as segue a loucura aplainando a emergência de idéias novas:

(Idéias novas)

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Suicida

Esses dias pra trás um rapaz suicidou acidentalmente - porque suponho que ele não queria de fato suicidar -.

Tenho minhas dúvidas sobre se sua agonia lhe dava direito à salvação, mas não cabe julgar o depois, e sim arguir o que se foi até quando terminou aqui.

Entendo que um suicida seja um egoísta que porque trapaceia o próprio destino ao sacrificar o que julga ter de mais importante.

O mistério que o aguarda aparece descrito de forma bem hostil por aqueles que supostamente se comunicam com o além.

Sendo assim, rezemos por ele, da forma como cada pessoa entenda que rezar funciona, porque, afinal de contas, quem não suicida pelo menos um pouquinho todo dia?

Mas... Será?

Histeria? Bipolaridade?

Tinha um rapaz lá pelas bandas de lugar algum que uns diziam doido e outros mais atrevidos à bondade diziam doente.

Esse rapaz jurava de pés juntos que toda a realidade é uma história ensaiada antes de nascermos, sempre havendo narradores oniscientes rasurando e reescrevendo nossa vida.

A grande dialética que deixou o rapaz meio transtornado era a questão de Deus.


Ele se perguntava sobre se tão somente o existir já não fosse condição suficiente de prova, posto que não há coisa precedida sem pensamento.


Por outro lado, assentia a possível sensorialidade divina intrínseca ao processo cognitivo de nosso pensamento e consequentemente no resultado de ações agradáveis ou não aos olhos de Deus.

Deus personificado ou Deus integralizado ao todo? Ou “ou” e “ou”? Luz... Trevas? Algo a mais ou a menos que aqui?


Não havia nem remédio, nem igreja e nem filosofia para a histeria do rapaz... Que parecia doido de tanto medo que sentia ao ver o filme da vida passando de verdade.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Questões mal resolvidas

  1. Depois do pecado original, será que Eva engravidou de Adão? Mas quem foram os filhos de Adão e Eva? Não seria a nossa origem incestuosa, posto que até mesmo Adão e Eva eram consanguíneos?
  2. Segundo a teoria Kardecista, devo entender que terei tantas encarnações quanto o número de formigas que matei, até o dia em que eu vier a habitar um mundo onde serei um pequenino esmagado pelo poder e peso dos gigantes?
  3. Considerando o aparecimento de entidades de outros mundos, não seria 2012 uma preparação para o fim que será administrado pelo próprio homem com as tecnologias herdadas ou usurpadas daqueles seres?
  4. Quais serão os escolhidos?
  5. Sendo liberdade o permitido pela lei, a lei interessa a quem?
  6. Convencidos de que o Estado sustenta um conceito abstrato de liberdade e protege a nação, o que fazer diante de uma urna nas eleições?
  7. Se o direito reside na força, não seria a verdadeira força a capacidade de suportar a dor?
  8. Se o que não mata fortalece, estaríamos nós dando continuidade à seleção natural, onde o meio cria condições favoráveis à perpetuação dos melhor adaptados?
"Para tornar possíveis tais desejos, é
    preciso perturbar constantemente, em todos os países, as relações entre o povo e o governo, a
      fim de cansar todos pela desunião, pela inimizade, pelo ódio, e mesmo pelo martírio, pela
        fome, pela inoculação de doenças, pela miséria, a fim de que os gentios não vejam outra
          salvação senão recorrer à nossa plena e definitiva soberania."

          "Quando chegar o tempo de governarmos abertamente e de mostrarmos
          os benefícios de nosso governo, refaremos todas as legislações: nossas leis serão breves, claras,
          inabaláveis, sem comentários, tanto que todos as poderão conhecer bem. O traço
          predominante dessas leis será a obediência às autoridades levada a um grau grandioso. Então,
          todos os abusos desaparecerão em virtude da responsabilidade de todos até o último perante a
          autoridade superior do representante do poder. Os abusos de poder dos funcionários
          inferiores serão punidos tão severamente que cada um deles perderá a vontade de tentar a
          experiência. Seguiremos com um olhar inflexível cada ato da administração de que depende a
          marcha da máquina governamental, porque a licença na administração produz a licença
          universal: todo caso de ilegalidade ou abuso será punido de maneira exemplar. O roubo, a
          cumplicidade solidária entre funcionários administrativos desaparecerão após os primeiros
          exemplos dum castigo rigoroso. A auréola de nosso pode exige punições eficazes, isto é, cruéis,
          à menor infração das leis, porque qualquer infração atinge o prestígio superior da autoridade.
          O condenado severamente punido será como um soldado que tombou no campo de batalha
          administrativo pela autoridade, os Princípios e a Lei, que não admitem que o interesse
          particular domine a função pública, mesmo por parte daqueles que dirigem o carro da
          sociedade. Nossos juízes saberão que, querendo gabar-se de tola misericórdia, violam a lei da
          justiça, instituída para edificar os homens, castigando os crimes, e não para que os juízes
          mostrem sua generosidade. É permitido dar prova dessas qualidades na vida privada, mas
          não na vida pública, que é como que a base de educação da vida humana."

          Medo de morrer vivendo com medo.
          Isso sim é espiritualidade.